terça-feira, 27 de novembro de 2012

Gerentes ganham bônus. Subordinados, “o que de resto restaria aos urubus”!



Esgotados e desmotivados, trabalhadores brasileiros cumprem expediente de olho no relógio. Os motivos de tanto desânimo são muitos: há despreparo das chefias, o ambiente de trabalho é ruim, há excessivas cobranças e pressões exageradas.

“Administradores parecem supor que máquinas e trabalhadores são similares pelo fato de ambos serem normalmente agentes passivos que devem ser estimulados por controle para entrar em ação. A máquina é ligada na tomada. Para o trabalhador, o dinheiro substitui a eletricidade”. (A. F. Kohn, PhD, Neurocientista).
A Towers Watson do Brasil, empresa de Consultoria de Recursos Humanos, realizou pesquisa sobre a força de trabalho. A pesquisa encontrou 30% dos trabalhadores brasileiros desmotivados no emprego; apenas 28% deles se sentem motivados; 26% reclamam da falta de suporte e 16% estão desvinculados.
O nível da desmotivação dos brasileiros supera a média mundial de 26%. Os motivos são: falta de incentivo e cultura de que o emprego é só um meio de sobrevivência e não há prazer nem satisfação em trabalhar.
Carlos Ortega, um dos dirigentes da Towers Watson, assinala que a necessidade de as empresas obterem engajamento sustentável que lhes possa assegurar comprometimento e desempenho, expõe a vulnerabilidade atual.
A exagerada ênfase na contenção de custos e manutenção das empresas competitivas cedeu espaço ao suporte e ao foco no bem-estar. Ortega vaticina: “Empresas que não se preocuparem em melhorar o ambiente de trabalho, garantir suporte para os funcionários e criar sentimento de vínculo à organização, verão a diminuição do engajamento dos profissionais afetarem diretamente a produtividade e a capacidade de crescimento do negócio”.
Sabe-se que o clima organizacional ruim leva as empresas ao declínio. Na iniciativa privada e nos órgãos públicos ninguém mais “veste camisa”. Empregados dizem que o segredo da motivação é fazer o que se gosta e ser reconhecido por um bom trabalho.
Jovens com idade até 30 anos preferem ter o próprio negócio. Há quem prefira ter emprego formal. Neste caso, o profissional não pode acomodar e precisa buscar novas oportunidades. Estudo feito com 3 mil funcionários em 31 países apurou que 57% de mulheres e 59% de homens estão insatisfeitos no trabalho. Motivos: ausência de plano de carreira e falta de oportunidade de crescimento.
Para o empreendedor, a competência nada tem a ver com idade, mas com a oportunidade. Inexiste estabilidade. Tudo muda. Há altos e baixos constantes na vida da empresa. Correr risco e gostar da adrenalina diária é essencial. Vale lembrar: o empreendimento bem sucedido requer bom planejamento financeiro.
A concorrência pode inviabilizar o negócio e forçar o empreendedor a criar novo produto ou serviço e inovar. Para quem é dono de negócio, ser acomodado é ruim. Um erro comum é misturar recursos da empresa com particulares. É uma das principais causas de recuperação judicial e decreto falimentar.
Trabalhadores se sentem desprestigiados. Contudo, no topo o tratamento é diverso. A crise no primeiro mundo gerou algo impensável: salários em várias carreiras – de executivos e gerentes a engenheiros, consultores jurídicos e os profissionais de TI — são maiores no Brasil.
O gerente comercial no Brasil ganha mais que nos USA. Consultor jurídico recebe mais que na Itália. O diretor comercial recebe, no mínimo, R$ 30 mil, enquanto os britânicos, R$ 26,7 mil. Engenheiro elétrico que ganha mensalmente R$ 20 mil no Brasil recebe R$ 8 mil na Espanha. Ricardo Guedes, diretor da Michael Page, revela que, além da boa fase da economia brasileira, os países em crise, o real forte e a escassez de mão de obra qualificada favorecem.
Os Chief Financial Officer (CFO) brasileiros estão entre os executivos mais bem pagos do mundo. Mais de 40% deles ultrapassam R$ 510 mil anuais, abaixo somente dos USA. Na Europa, 13% desses diretores financeiros têm patamar anual acima de US$ 255 mil. Entre os que recebem até US$ 155 mil encontram-se 59% dos europeus, 23% dos americanos e 37% dos sul americanos.
O crescimento salarial relaciona-se com os investimentos estrangeiros. Guedes avalia que o bom momento vai durar e há previsão, inclusive, de crescimento dos negócios, pois o Brasil está na mira dos investidores. Valorizam-se os setores de tecnologia, infraestrutura, energia – nas áreas de óleo e gás –, varejo e agronegócios.
Marcelo De Lucca, diretor executivo do grupo Michael Page, aponta diferenças entre nações latino-americanas e o Brasil. O crescimento econômico e o peso da economia contribuíram para o cenário. Vendas, engenharia, incorporação e financeira são áreas que pagam acima da média dos demais países. Os setores de infraestrutura, vendas e finanças e as corporações chegam a pagar duas vezes mais por um profissional brasileiro que por algum das concorrentes latino-americanas.
O CFO brasileiro ganha até US$ 26 mil por mês, o dobro do executivo mexicano, que recebe até US$ 13,5 mil. De Lucca explica que um diretor de operações que atua no varejo brasileiro pode ganhar o dobro do que o profissional similar mais bem pago da região, que é o chileno. Ainda segundo o diretor da Michael Page, em alguns setores as diferenças salariais chegam a ser agressivas, como no imobiliário e de petróleo e gás.
O boom do setor imobiliário causou impacto na remuneração dos executivos brasileiros a ponto de um diretor, no país, receber 91% a mais que o segundo colocado, o México. O salário do profissional pode atingir US$ 25 mil, enquanto os mexicanos recebem, no máximo, US$ 14 mil. No mercado de petróleo e gás, as diferenças salariais ultrapassam 100%.
A análise do panorama salarial no setor público mostra que o Governo utiliza a mídia, de modo abusivo, para desgastar e provocar danos à imagem e à honra dos profissionais das carreiras de Estado, com intuito de reduzir cada vez mais os gastos com pessoal.
A política de desqualificação do servidor federal já provoca perda de servidores de alta qualificação, v.g., Fábio Zambitte Ibrahim, Mestre em Direito Previdenciário pela PUC/SP e Doutor em Direito Público pela UERJ que, recentemente, desligou-se do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.
Gerências no setor privado e público, salvo exceções, desrespeitam seus liderados e causam um intenso desgaste emocional. Exigem demais, pouco se paga, aplica-se uma jornada de trabalho longa, excessiva, além de serem escassas as oportunidades reais de melhoria. É preciso mudar o viés empresarial e governamental exploratório da mão de obra. 

fonte:http://www.meuadvogado.com.br/entenda/gerentes-ganham-bonus-subordinados-o-que-de-resto-restaria-aos-urubus.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário